quarta-feira, 25 de março de 2015

A educação e a greve sob o ponto de vista do educador: Uma carta dirigida aos pais

Por: Janine Carla de Jesus dos Santos

                               Muito se ouve falar sobre a importância da educação. Muito se ouve falar que as crianças são o futuro da nação. Muito se ouve falar, mas, infelizmente, pouco se vê na prática.
                               A educação é o fator que define o futuro de crianças e jovens. Educação ruim, futuro ruim. Boa educação, bom futuro. E com futuro não se brinca. Todos os pais almejam que seus filhos tenham o melhor. Brigam por eles. Lutam por eles. Por amor a eles fazem esforços extraordinários. Fazem o possível e o impossível por seus filhos, trabalham dia e noite em rotinas exaustivas porque acreditam que fazendo o máximo, as crianças terão excelentes condições de vida futura. Por todo estado de São Paulo, pais e mães buscam o melhor para o amanhã das crianças, na intenção de que eles tenham um futuro diferente do que os pais tiveram.
                               No entanto, durante anos a educação no estado de São Paulo (ironicamente o mais rico do país) vem sido colocada em segundo plano e não tem sido tratada como a prioridade que é.                 
E se nós disséssemos que poderia ser melhor? Acreditem quando dizemos que a educação oferecida pelo estado poderia ser de excelente qualidade em muitos aspectos. Logo, o futuro de seus filhos também poderia ser excelente.
A greve que se inicia por todo estado de São Paulo tem razões muito sólidas, motivos muito dignos e objetivos muito justos.
As razões pelas quais professores e educadores de toda rede pública de ensino aderirem à greve são muito sólidas, porque demonstram a insatisfação com as condições de trabalho de toda uma categoria: classes superlotadas que prejudicam o aprendizado dos alunos e fechamento de salas de aula. Só neste início de 2015, um significativo número de professores ainda não puderam começar a lecionar, pois tiveram seus contratos de trabalho encerrados sem nenhum fundamento legal,  ficando impedidos de exercer sua profissão por 200 dias. Quase meio ano sem salário. Salários defasados, auxílios transporte e alimentação que beiram o ridículo.
Os motivos que nos levam à paralisação dizem respeito à dignidade do ser humano enquanto trabalhador. Imaginem  se os senhores pais, por ordem de seus patrões, tivessem que trabalhar em três locais diferentes? Pois saibam que esta é a realidade de muitos professores hoje em dia: lecionar em três escolas para garantir seu emprego.  Sem nenhuma outra opção. Saúde física e mental ficam seriamente comprometidas em situações estressantes como esta.
Quem aqui nunca ouviu falar, ou mesmo presenciou, um caso de violência contra um professor? Nossa classe tem sido exposta à situações de risco que surgem do desrespeito de pessoas que se sentem no direito de agredir física, verbal e moralmente um profissional da educação. Isso não deveria existir! O estado precisa garantir a segurança dos nossos educadores. É fundamental garantir a integridade profissional.
                               Por fim, queremos enfatizar que nossa luta é justa, porque nossos motivos são justos. Depois de vocês, senhores pais e responsáveis, somos nós professores que mais fazemos pelo futuro de seus filhos.
                               A escola é a segunda casa de crianças e jovens de todo estado. Aqui elas recebem instrução, educação, cultura e cidadania. Aqui são respeitadas, cuidadas e queridas. Na escola seus filhos estão seguros. Mas tudo poderia ser melhor. Por estes motivos, pedimos que compreendam a preocupante situação em que a educação se encontra e que fiquem do nosso lado, pois a luta de todo professor é por dignidade trabalhista e garantias de um futuro melhor.                Apoiem nossa causa: escola e comunidade são um só. O tempo passará, e a escola continuará sendo referência dentro da comunidade. Lutem conosco. Seu apoio é fundamental para cada um de nós.

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